As doenças cardíacas nos cães e nos gatos têm vindo a ser cada vez mais comuns.
Tal facto deve-se, acima de tudo, à maior longevidade atingida atualmente pelos nossos animais, devido aos melhores cuidados veterinários prestados hoje em dia. Geralmente são doenças progressivas, ou seja, evoluem de forma lenta. A probabilidade de desenvolver uma doença cardíaca aumenta com a idade, mas alguns sintomas podem surgir de forma precoce, nomeadamente nos cães de raças grandes.
Segundo a Dra. Cláudia Regina da Silva, formada pela universidade de Uberaba no ano 2002, no geral, cães mais idosos (entre 7 e 10 anos) estão mais propensos a ter cardiomiopatia, entretanto, outras cardiomiopatias poderão também surgir durante a vida do animal. Um exemplo são as congênitas, que são causadas por malformações e aparecem durante os primeiros meses de vida, levando animais muito jovens a óbito por problemas cardíacos.
ENTENDENDO MELHOR AS DOENÇAS CARDÍACAS
O coração é o órgão responsável por bombear o sangue pelo corpo. Sem esse bombeamento não há transporte de oxigênio e alimento para as células, o que pode causar a morte. O sangue dos nossos pets, assim como o nosso, é transportado exclusivamente dentro de vasos sanguíneos: as artérias, veias, capilares, etc.
O coração é formado por músculo cardíaco, e é composto por quatro câmaras (2 átrios e 2 ventrículos). Sabiamente, a natureza colocou válvulas (como se fossem portas) que abrem e fecham, deixando que o sangue passe, mas não volte. As válvulas cardíacas são: pulmonar, tricúspide, mitral e aórtica.
Cães apresentam, com maior frequência, o processo de degeneração ou envelhecimento das válvulas cardíacas, chamado de endocardiose ou doença valvular crônica. Geralmente, as raças de pequeno porte (poodle, pinscher, yorkshire, etc), com idade acima de 6 anos, são as mais acometidas por esta lesão. Outra doença cardíaca que pode afetar os cães é a cardiomiopatia dilatada, sendo mais frequente em cães de grande porte (dobermann, boxer, labrador, dogue alemão etc).
Os gatos podem desenvolver doenças de evolução silenciosa, como a cardiomiopatia hipertrófica, manifestando-se somente quando já se encontra na sua forma mais grave.
Animais que costumam frequentar regiões de praia podem contrair a dirofilariose, que é causada por um verme, transmitido pela picada de mosquito que vive em regiões litorâneas , que se instala na artéria pulmonar e geralmente atinge o lado direito do coração.
Doenças respiratórias crônicas (bronquite, estenose ou colapso de traquéia, por exemplo) também podem ocasionar doenças cardíacas, pois sobrecarregam o coração, principalmente o lado direito.
OS SINTOMAS
Agora você deve estar se perguntando: Mas quais são os sintomas dessas doenças?
O sintoma da cardiopatia mais precoce é a tosse. Muitas vezes este sintoma passa despercebido, pois, em alguns casos, se apresenta de forma branda e se assemelha a um engasgo, sendo erroneamente associado à ingestão de pelos ou de alimento. Outros sintomas associados à doença cardíaca são: cansaço, intolerância ao exercício, respiração laboriosa (dispnéia), inchaço das patas (edema de membros) e do abdômen (ascite – líquido no abdômen; ou organomegalia por congestão), língua arroxeada ou azulada (cianose de mucosas), desmaios (síncopes) ou tonteira (lipotímia), convulsões, distúrbios no crescimento em filhotes e na performance de cães atletas.
Os animais possíveis portadores de cardiopatia, ou seja, aqueles que apresentam um ou mais sintomas anteriormente citados, devem passar por um exame sistemático que consiste em:
- Histórico: avaliação do estado do animal em casa, que é possível através das informações fornecidas pelo proprietário, feito de forma coerente e correta.
- Exame Físico: abrange, além de outras coisas, a auscultação cardiorrespiratória e aferição e avaliação do pulso.
- Exame Eletrocardiográfico: nos fornece dados sobre arritmias, oxigenação do miocárdio, distúrbios de condução elétrica cardíaca e distúrbios eletrolíticos.
- Exame Radiográfico do Tórax: pode-se observar o tamanho do coração, como encontra-se a estrutura respiratória e vascular cardíaca, e auxilia na diferenciação de uma doença cardíaca de uma doença respiratória.
- Exame Ecocardiográfico: pode-se visualizar o coração e mensurar o tamanho de suas câmaras, visualizar o fluxo sanguíneo intracardíaco e aferir a pressão intracavitária (utilizando-se o método Doppler e mapeamento em fluxo colorido).
O TRATAMENTO
Os pacientes que já apresentarem sintomatologia, devem ser submetidos à avaliação cardíaca, visando iniciar o mais rápido possível a terapêutica, tendo como objetivo retardar a evolução da doença.
A IMPORTÂNCIA DO CHECK-UP
A avaliação cardíaca deve constar do exame de rotina, anual, dos animais com mais de seis anos de idade, juntamente com exames de sangue como hemograma, função dos rins, função do fígado e glicose para diagnosticarmos mais cedo essas doenças e assim aumentar a expectativa de vida dos nossos pets que tanto amamos.
A Dra. Cláudia Regina Silva (responsável pela matéria), médica veterinária aqui da Rosnados & Miados, trabalha com clínica médica e cirúrgica desde de 2003, ano que começou a trabalhar em clínica particular em Mogi das Cruzes, cursos de atualizações em diversas áreas, como radiologia, endocrinologia, neurologia, e medicina felina. Curso de pós-graduação em andamento para ser concluído em novembro de 2017 pela Equalis.